Algumas Considerações sobre a Entrevista Semi-Directiva

12-12-2010 00:30

 

“Uma entrevista consiste numa conversa intencional, geralmente entre duas pessoas (…) dirigida por uma das pessoas, com o objectivo de obter informações sobre a outra. No caso do investigador qualitativo, a entrevista surge com um formato próprio.” (Morgan, 1988 & Burgess, 1984)

A entrevista semi-directiva coloca questões que se pretendem abertas, num ambiente descontraído e informal, estando articuladas de modo a que o entrevistado se sinta confortável para se expressar sem condicionalismos e possa utilizar o seu vocabulário original. Este tipo de entrevista é utilizado quando o investigador dispõe de informação bibliográfica que o auxilia na temática que pretende estudar: deve existir um guião, pelo qual o investigador se rege ao longo do processo. “As boas entrevistas caracterizam-se pelo facto de os sujeitos estarem à vontade e falarem livremente sobre os seus pontos de vista.” (Biggs, 1986)

Para realizarmar o tratamento dos dados recolhidos, recorre-se à análise de conteúdo, técnica privilegiada nas ciências sociais e humanas. A sua finalidade é a descrição sistemática das componentes semânticas e formais das mensagens, procurando compreender as relações existentes entre as mensagens produzidas e o contexto sócio-cultural no qual estas se desenvolvem.

Esta técnica tem maior aplicabilidade quando o investigador pretende comparar e inferir sobre os dados reunidos. Ou seja, permite o estudo do conteúdo da mensagem na óptica do emissor (para perceber quais as suas intenções e motivações ao produzir determinada mensagem), na óptica do receptor (para medir o impacto no comportamento do receptor após o contacto com certo documento) e/ou na óptica da própria mensagem (enquanto possuidora de um conteúdo que nos interesse).

Enquanto técnica de investigação, a análise de conteúdo apresenta vantagens e desvantagens: das vantagens, sublinha-se o facto de ser uma técnica simples, pouco dispendiosa e não obstrutiva; é aplicável a várias disciplinas e consegue transformar grandes conjuntos de dados em unidades de análise menores, manipuláveis e mensuráveis, com possibilidade de tratamento estatístico.

Das desvantagens, refere-se que a análise de conteúdo não permite generalização - nem sempre há correspondência de resultados entre os diversos investigadores pois existe uma dupla leitura; a leitura da mensagem objectiva (utilizando todo o rigor metodológico) e do seu conteúdo latente (dimensão subjectiva).