Análise do Texto: Albarello, L. et al. (1997). Práticas e métodos de investigação em Ciências Sociais. Lisboa Gradiva. (Pp. 84-116)
Nos dias de hoje, a entrevista impõe-se como ferramenta de investigação essencial para a compreensão da complexidade do ser humano. Mais geralmente, ela "está presente na fase exploratória da generalidade das investigações". (Ruquoy, 1996).
Na base deste método, encontra-se a premissa de, através do indivíduo representar o social. Isto porque quando utilizada, obtemos informação, primeiramente sobre o pensamento do entrevistado sobre a temática de que fala e, secundariamente, sobre a realidade que é objecto desse discurso. (Albarello et al, 1997:85).
No entanto, a entrevista não deve abranger toda e qualquer investigação, não obstantes as suas potencialidades; o método de recolha de dados deve estar adaptado ao tipo de dados a investigar e nem sempre é pertinente utilizar esta ferramenta.
Ainda assim, optar pela sua utilização significa optar por algumas condicionantes metodológicas, i.e.:
- uma entrevista verbal entre investigador e investigado;
- a entrevista é sempre provocada pelo entrevistador;
- deve respeitar um guião pré-concebido.
Situando-nos na concepção de entrevista, existem 4 modalidades, de acordo com o grau de liberdade cedido ao entrevistado:
- Entrevista Semidirectiva (nível intermédio de liberdade - permite-se ao entrevistado liberdade de estruturação do pensamento, dirigindo-o, no entanto, para que não se desvie dos temas considerados centrais para a investigação);
- Entrevista Directiva (nível inferior de liberdade - realizada com base num questionário padronizado e pré-estabelecido);
- Entrevista Não-Directiva (nível máximo de liberdade - é induzido um tema geral que se pretenda que o entrevistado explore);
- O Relato de Vida (combina abordagem biográfica com a temática do objecto de estudo).
"A entrevista é o instrumento mais adequado para delimitar os sistemas de representações, de valores, de normas veiculadas por um indivíduo." (Albarello et al, 1997:89)
Relativamente ao discurso do entrevistado, existem 2 níveis, de acordo com Wynants: (depende do leitor)
Nível Manifesto - Sentido subtraído através de uma primeira leitura.
Nível Latente - Compreensão obtida através do trabalho aprofundado de um texto.
Por forma a assegurar a pertinência e qualidade dos dados, o entrevistador deve focar-se no: tema da entrevista ou objecto de estudo, o contexto interpessoal e as condições sociais da interacção.
No que concerne aos modos de apreender o real, existem 2 procedimentos possíveis - o dedutivo, feito a partir de resultados de investigações anteriores - e o indutivo que parte da observação no terreno.
Qualquer entrevista deve seguir um plano, plano esse que, por sua vez, deve incluir: o guia da entrevista e o modo de intervenção.
Dito isto, em forma de conclusão, sublinho os momentos-chave que qualquer entrevista deve incluir:
1º os preliminares;
2º o início da entrevista;
3º o corpo da entrevista;
4º o fim.